Durante alguns meses, as indústrias do couro gaúchas mantiveram as suas exportações, mesmo em um cenário adverso, com o dólar desvalorizado e a matéria-prima em valor elevado. Porém, o quadro mudou. Manter as vendas para o exterior tornou-se muitas vezes inviável. O resultado em junho foi uma queda de 11% no volume exportado, na comparação com maio, e de 12% na relação com junho de 2010.

Moacir Berger, presidente de AICSul

No ano, a queda é de 10%. Quanto ao destino, estão se reduzindo os volumes comercializados com os principais clientes, com queda de 11% nos embarques para a China; 20% para a Itália; 21% para Hong Kong e 20% aos Estados Unidos.

O presidente executivo da AICSul, Moacir Berger, lamenta que os números de julho poderão ser ainda piores, porque o cenário de dificuldades se acentuou. O dólar não reage e a matéria-prima está em valor 33,3% mais alto do que estava no início do ano. Berger enfatiza que “o câmbio é o grande problema, porque afeta toda a cadeia, desde a exportação de carne até produtos como calçados”.

Exemplifica com os reflexos do câmbio na vendas de couro no mercado interno. Esta demanda também está diminuindo. Dados da Secex indicam que no primeiro semestre deste ano foi registrada queda de 30,6% no número de pares de calçados de couro exportados pelo Brasil, na comparação com o mesmo período de 2010. Ao mesmo tempo, foi registrado aumento de 17,9% no número de pares de calçados de couro importados pelos brasileiros.

Diante disto, Berger alerta que não será surpresa se tivermos redução no número de empregos gerados por este setor no Rio Grande do Sul. Hoje, a indústria coureira gera 13.565 postos de trabalho diretos, mas este número pode cair drasticamente até o final do ano, caso não sejam tomadas medidas para devolver a competitividade das empresas do setor.

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AICSul